Imagine perder tudo o que ama: o irmão, o parceiro e até os filhos que ainda nem nasceram. Diante da dor insuportável, e com superpoderes em mãos, o que você faria? Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate da Marvel, nos dá uma resposta instintiva, mágica e profundamente humana: ela cria uma realidade paralela onde a dor não existe.

A série WandaVision disponível na Disney Plus é mais do que entretenimento. É um retrato psicológico sensível — e por vezes sombrio — de como o luto pode adoecer quando não encontra espaço para ser vivido.

A NEGAÇÃO COMO SUPERPODER

No universo de Westview, Wanda constrói uma vida perfeita ao estilo sitcom dos anos 50. Visão está vivo. Os gêmeos existem. Tudo é harmonia. Mas por trás do cenário colorido, há uma dor que ela não quer — ou não consegue — encarar.

Essa reação nos remete ao que chamamos de luto patológico ou luto complicado: uma forma de luto que se prolonga ou se manifesta de maneira desadaptativa. Em vez de permitir que a dor seja elaborada, a pessoa constrói barreiras emocionais ou realidades alternativas para não senti-la.

No caso de Wanda, a negação da perda se manifesta literalmente na manipulação da realidade. Ela aprisiona uma cidade inteira para manter sua fantasia viva. Para o observador, pode parecer egoísmo. Para o psicólogo, é sintoma: a mente tentando proteger-se de uma dor que julga impossível de suportar.

QUANDO O LUTO NÃO ENCONTRA SAÍDA

O luto é uma experiência natural e necessária. Mas quando não é acolhido, escutado ou processado, ele pode virar prisão. Como Wanda, muitas pessoas “vivem” em mundos paralelos criados pela negação: mergulham no trabalho, isolam-se, idealizam relações ou se prendem ao passado.

A psicologia nos ensina que o luto precisa ser vivido em sua inteireza: com raiva, tristeza, culpa e até momentos de alívio. Só assim o amor que havia pode encontrar uma nova forma de existir — não no esquecimento, mas na reconstrução.

SUPERAR NÃO É ESQUECER

No final da série, Wanda se despede de seus filhos e de Visão. Ela não vence a dor — mas escolhe encará-la. E esse é talvez o maior ato de coragem da Feiticeira Escarlate. Assim também é conosco. Encarar a perda não é fraqueza, é humanidade. Criar um mundo perfeito pode ser tentador, mas viver a dor é o único caminho para reencontrar a si mesmo.

E você? Já viveu um momento em que precisou construir “mundos perfeitos” para não sofrer? Compartilhe nos comentários: sua experiência pode ajudar outras pessoas a entender que não estão sozinhas.

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